Pensamentos


sábado, 14 de abril de 2012

Aborto de Anecéfalos: Ciência vs Religião... novamente!

Foto: Veja

Essa semana o Supremo Tribunal Federal julgou definitivamente que o aborto de anencéfalos não pode ser considerado crime. O fato foi bastante noticiado pela mídia e me espantei com a quantidade de entidades e pessoas que ainda achavam que deveria continuar como crime e ser proibido no país.

Realmente achei que esse tema não teria tanta discordância e nem daria tanta mídia. Reconheço que o tema aborto, em geral, é bastante polêmico. Mas aborto de anencéfalos não deveria ser!

Mas o que gostaria de chamar atenção aqui são os argumentos utilizados pelos dois grupos antagônicos. Todos que defendiam a descriminalização da prática se pautavam pela ciência, e todos que defendiam a proibição se pautavam em argumentos de origem religiosa, espiritual ou etc...

A ciência foi responsável por entender todo o processo de fecundação e origem da vida no útero. Hoje é possível fazer um ultrassom e identificar diversas doenças congênitas, verificar o crescimento do feto e, inclusive, o sexo do bebê. Também é possível saber quando o feto não possui cérebro e, consequentemente, saber que a "vida" que ele possui é só um crescimento orgânico de orgãos, o que é insuficiente para ter uma vida fora do útero. Porque ser obrigada a levar essa gravidez até o final só para ver o bebê morrer após o parto?

Fazendo um paralelo, quando uma pessoa idosa está na UTI de um hospital e os médicos diagnosticam a morte cerebral , nossa sociedade já entende que a situação é irreversível e a vida só é sustentada por aparelhos. E não se vê grupos religiosos saindo de faixa pedindo para não desligarem os equipamentos destes pacientes.

Todo esse desenvolvimento do diagnóstico através de exames é relativamente recente, e obviamente, a igreja não acompanhou esse progresso e fica baseando seu conceito de ética pelo que a humanidade conhecia de biologia no século XIV. Utilizo o termo "obviamente" porque a igreja constantemente se contrapõe aos progressos proporcionados pela ciência. Só pra lembrar: Galileu, uso de preservativos, divórcio... É como se a humanidade devesse se sentir culpada por estar progredindo cientificamente!

Os Ministros do Supremo julgaram utilizando critérios científicos. Até quem foi contra não utilizou argumentos religiosos. O que considero muito correto. Afinal posições religiosas não deveriam servir nunca de base para decisões de política de saúde pública, sejam elas a favor ou contra o tema. Ainda temos muito caminho a andar nesse sentido mas, pelo menos nesse caso, prevaleceu o bom senso de assumir o progresso científico que levamos tanto tempo para desenvolver.

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