Hoje o STF julgou constitucional a política de cotas raciais na universidades. Na minha opinião isso foi um retrocesso imenso para nossa sociedade. Nós vamos ver reflexos negativos disso em um futuro bem próximo.
Antes de começar a expor os motivos que me levam a considerar isso um erro absurdo, quero primeiro expor um outro erro que está na nossa própria constituição. É o conceito de separação de raças. A nossa própria constituição faz menção a raças e inclusive agrupam os índios como uma delas. Esse conceito, por si só, já é errado. Tenta definir o que é uma raça. Não deveriam haver raças na lei, nós somos todos seres humanos.
Obviamente as raças existem, mas o conceito de agrupamento de seres humanos por raças não deveria existir em legislação nenhuma. Isso porque a nossa variedade racial, brasileira e mundial, é imensa. E raça não é algo que é exatamente determinada, a subjetividade é enorme. E onde há subjetividade, há conflito!
Como se determina a raça de uma pessoa morena? Pelo "tom da cor" de sua pela? E existe algum padrão comparativo para determinar a partir de que ponto ele pode ser considerado negro? Não, não existe, e tomara que nunca exista!
Agora entrando no assunto de cotas nas universidades....
O destino de ninguém deveria ser influenciado pela cor de sua pele. E essa decisão do STF vai exatamente contra isso. Dar um benefício a um grupo racial é o mesmo que tirar benefício dos outros grupos. É pender uma balança que deveríamos trabalhar para ser equilibrada.
"Ah, mas isso é uma compensação histórica pelos anos de escravidão no Brasil"
Essa conta não é só do Brasil, mas do mundo todo. Em todas as épocas existiram povos escravos de outros, na época da colonização do Brasil eram os negros africanos. O próprio desenvolvimento humano mundial acabou com isso.
Se alguma compensação deveria ser dada era para quem foi escravo mesmo, mas isso já é obviamente impossível. E até quando teremos que "pagar" essa conta?
"Ah, mas o negros não tiveram as mesmas oportunidades de estudar que os outros"
O caminho de ninguém é igual. Alguns realmente tiveram mais sorte do que outros. Dependendo da família em que você nasce, você tem mais ou menos chances. Mas não há nada mais democrático do que sentar numa cadeira de vestibular e disputar vaga de igual para igual. Lá é simples, se estudou e sabe a matéria, passa no vestibular e ponto final.
Ninguém deveria ficar culpando a sociedade e a família em que nasceu pelo seu destino. Sua família fez o melhor que pode para te dar de tudo. Se você não acha suficiente, vai ter que estudar mais do que o seu vizinho. Mas na hora da prova todo mundo é igual. (pelo menos era...)
Exemplificando a posição acima, se você nasce em uma família onde todos são baixos, no máximo 1,70 m. As suas chances de ser da mesma altura da sua famíla são grandes, portanto, se você quiser ser jogador de basquete vai ter que se esforçar muito, muito mais do que aquele seu amigo que tem 2,10 m de altura. Mas ninguém te dá "pontos" a mais porque você é baixo. Você ainda pode jogar basquete no time, mas vai ter que se esforçar a ponto de ser tão bom que compense a sua baixa estatura.
"Ah, mas isso é temporário, só para corrigir a distorção"
Aí entra de novo a subjetividade. De quanto é a distorção aceitável? E quem define esse número? É uma distorção de nível educacional ou de renda per capita?
A única condição onde nao existem dúvidas é a igualdade. Qualquer ponto fora disso entra na subjetividade e ficamos a mercê do que alguma autoridade "entende" que seja correto.
Em muito pouco tempo teremos mais negros entrando nas universidades devido a reservas de cotas. Eles vão conviver com outros estudantes num clima que já não é mais de igualdade. Acho isso uma pena.
E depois disso, eles vão sair da faculdade, entrar no mercado de trabalho e farão entrevistas de emprego. Será que a área de Recursos Humanos não irá querer saber se o negro que está formado na sua frente entrou pelo sistema de cotas? E será que esse RH não vai, inconscientemente, criar barreiras para estas pessoas?
Enfim, todos os seres humanos deveriam lutar pela igualdade, e não por compensações baseadas em "raças".