Nada contra a incentivar o acesso a cultura para quem é estudantes. Mas incentivar, e não dificultar para todos as outras pessoas que não são estudantes para parecer que o estudante tem vantagem.
Eu costumo dizer que as “reais” regras do jogo são indutoras de comportamento. Neste caso específico o desconto de 50% causa uma distorção em todo o mercado da cultura. Isso porque no final, não tem como o “governo” dar desconto em algo que ele nem tem como sabe quanto custou. E obriga o empresário do setor a dar esse desconto de 50% para os estudantes.
Mas não precisa ser um gênio para saber que o empresário não vai perder dinheiro de jeito nenhum. E para poder cumprir a lei, ele simplesmente aumenta em 100% o valor nominal dos ingressos, assim quando ele der o desconto de 50% vai receber o que ele tinha calculado no início.
Só que aumentando em 100% o valor dos ingressos, os que não são estudantes acabam indo em metade dos eventos que poderiam ir. E quando vão, o empresário consegue ter ainda mais lucro com o ingresso deles. Ou seja, todo mundo perde, só quem empata são os estudantes.
Vamos analisar a perspectiva de cada personagem nessa história:
Empresário: Se por o valor justo, a venda para os estudantes vai reduzir drasticamente o seu lucro. Então para viabilizar o negócio ele duplicar o valor do ingresso e garante, pelo menos, o que esperva de lucro.
Estudantes: Acha que é bom pagar metade do preço, mas na verdade ele é o único que está pagando o preço correto.
Não estudantes: Se quiser ir em evento cultural tem que pagar caro. Toda a sociedade que não é estudante acaba pagando o dobro por causa dessa lei. E essa mesma lei induz as pessoas a agirem de má fé. O desconto de 50% é tão grande que alguns acham mais viável falsificar uma matrícula em colégio para poder ter esse desconto. Isso porque ele acha que o risco é baixo pois nunca viu, ou ouviu falar, de ninguém que tenha se dado mal fazendo isso.
Artistas: Vê seu público reduzido. Afinal se o ingresso fosse mais barato mais pessoas iriam assisti-lo.
Governo: “Paga de gatinho” dizendo que está favorecendo aos estudantes, mas na verdade está aumentando o lucro médio dos empresários do setor.
Enfim, a única forma de mudar isso seria reduzir a porcentagem desse desconto. Só no Brasil essa porcentagem é tão alta. Em geral o desconto varia entre 10 e 15%. O que já ajuda como incentivo, sem criar um “prêmio” tão grande para a falsificação de matrículas e acréscimo exagerado dos preços dos ingressos.
Mas para isso acontecer teria que ter algum deputado para enviar um projeto de lei sobre esse tema que, certamente, seria considerado impopular na primeira leitura. Ou seja, acho que vamos continuar um bom tempo pagando caro!!!
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Atualização de 26/04/2013
Agora o nosso Congresso está querendo aprovar uma lei que instituirá cotas máximas para a venda de ingressos com meia entrada. O objetivo é justamente tentar fazer os preços dos ingressos voltarem a patamares mais reais.
Com isso será necessário criar uma forma de gerenciar se essas cotas serão atendidas, o que não é fácil e abre margem aos empresários continuarem cobrando caro e dizendo que a cota de ingresso de meia entrada foi vendida muito rápido...e lógico vai gerar muita dúvida quanto a eficácia da lei.
Reafirmo minha opinião...ao invés de criarem leis de cotas para tentarem abaixar os preços, devia ser reduzido esse desconto para no máximo 15%, sem cota máxima para a venda, como já fazem os europeus.
Os preços reduziriam para todos e nem geraria o custo de gerenciamento para verificar se as cotas de meia entrada estão sendo atendidas.
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Atualização de 26/04/2013
Agora o nosso Congresso está querendo aprovar uma lei que instituirá cotas máximas para a venda de ingressos com meia entrada. O objetivo é justamente tentar fazer os preços dos ingressos voltarem a patamares mais reais.
Com isso será necessário criar uma forma de gerenciar se essas cotas serão atendidas, o que não é fácil e abre margem aos empresários continuarem cobrando caro e dizendo que a cota de ingresso de meia entrada foi vendida muito rápido...e lógico vai gerar muita dúvida quanto a eficácia da lei.
Reafirmo minha opinião...ao invés de criarem leis de cotas para tentarem abaixar os preços, devia ser reduzido esse desconto para no máximo 15%, sem cota máxima para a venda, como já fazem os europeus.
Os preços reduziriam para todos e nem geraria o custo de gerenciamento para verificar se as cotas de meia entrada estão sendo atendidas.
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