Estou terminando de ler o livro: Uma História da Ciência, dos autores Michael Mosley e John Lynch, da Editora Zahar. E posso dizer que fazia tempo que não lia algo tão leve e bem escrito. Leve porque apesar de se tratar de ciência, não se aprofunda muito em nenhum assunto, o que exigiria muito mais atenção na leitura. Na prática, apesar de estar na prateleira de ciência, é mais um livro de história.
A história é contada em ordem cronológica dividido por assunto: Cosmo, Matéria, Vida, Energia, Corpo e Mente. E sempre situa o leitor de como era a sociedade na época, como eram os cientistas e quais seriam os interesses que motivaram os passos que a ciência foi dando.
Reproduzo abaixo dois parágrafos do Capítulo Senso Incomum (pág. 15), onde os autores comentam sobre o senso comum e o metodo científico. Dá pra lembrar dos textos do Carl Sagan.....
Senso Incomum
"Em seu avanço, porém, a ciência muitas vezes teve de lutar para ser aceita pelas pessoas comuns. Parte do problema acontece porque costumamos ter opiniões sobre o mundo, e em geral gostamos que elas sejam respeitadas. contudo, em assuntos científicos, a opinião da maioria não importa. Nesse aspecto a ciência não é democrática. Muitas de suas verdades são contraintuitivas, e seu progresso, em grande medida, é indiferente à nossa experiência cotidiana do mundo. Para os cientistas,m o senso comum tem utilidade muito limitada. Seria possível haver uma atração entre a Terra e o Sol que atuasse instantaneamente e através de uma enorme distância no vácuo? É plausível afirmar que países inteiros estão assentados sobre grandes placas rochosas que flutuam sobre a superfície de um núcleo pastoso? Seríamos nós e todas as criaturas vivas descendentes de uma única célula? O mundo à nossa volta parece ser de uma solidez reconfortante. Por que, então, os cientistas afirmam que tudo é feito de átomos, e que estes, por sua vez, são constituídos quase que inteiramente de vazios?
O método científico hoje adotado nos quatro cantos do mundo elabora explicações baseadas em dados. quando surgem novos elementos que não se encaixam no modelo, é preciso mudar a explicação. É assim que a ciência avança. Por mais questionáveis que sejam as motivações, por mais influentes que se mostrem as forças econômicas, políticas e individuais atuantes sobre as pessoas que a praticam, e por mais intoleráveis que sejam suas conclusões, o desenvolvimento de ciência depende de seguir o rumo ditado pelas evidências. O caminho que percorremos em busca de respostas à nossas grandes perguntas tem dimensões épicas, é repleto de personagens complexos e ideias inspiradoras. Nosso avanço é inconstante, há becos sem saída, obstáculos a superar e mudanças de rumos inesperadas. trata-se de uma das histórias mais pitorescas e instigantes que se pode contar."
P.S.: Já que fiz a recomendação, fica o link da Saraiva pra quem tiver interessado.